MEC - Máquina de Educação Corporativista
por Ciberpajé ciberpaje.blogspot.com A educação perdeu espaço no Brasil, já não é mais valorizada e desejada pelas massas urbanas como era há 50 anos. A decadência agressiva da indústria nacional, e a supervalorização de um agronegócio de características que remontam à monocultura - mas maquinizado e com baixíssima geração de emprego - tendo a soja, a cana, o milho, e a pecuária bovina como base, transformaram-nos em um megapaís onde o emprego está concentrado no setor de serviços, no qual a pesquisa e a inovação tecnológica subsistem em micronichos e não atraem mais o interesse dos jovens. Esse panorama foi amplificado pelo rentismo como base econômica para o enriquecimento ilícito das elites. Essa visão rentista chegou até às classes mais pobres, quando o assalariado sonha em ficar rico aplicando suas parcas economias na bolsa de valores - uma ilusão desmedida e tola.

O ensino formal está sendo vilipendiado em amplas frentes. A esse panorama sócioeconômico soma-se o discurso de que hoje você pode aprender qualquer coisa na Internet, falácia que esquece da importância de desenvolver a disciplina e a educação para a vida, a empatia, a convivência com as diferenças, o desenvolvimento cognitivo, uma compreensão mais ampla das complexidades não baseadas em binarismos arcaicos, e o dialogismo, proporcianados pela educação formal - mesmo com todos os seus defeitos e cacoetes. E infelizmente, a corrida pelos diplomas tem se mostrado algo sem resultados em um país que entregou-se às milhares de graduações emitidas por duvidosos cursos em EAD feitos de forma capenga por "universidades" com milhões de alunos espalhados pelo país e meia dúzia de professores.
Máquinas de fazer fortunas liberadas pelo MEC para atender as demandas de empresários neoliberais "avida dollars". Esses diplomas não garantem emprego nenhum, nem mesmo crescimento de renda, em um país com milhões de desempregados e que destrói a cada dia ainda mais toda e qualquer garantia trabalhista. Por isso muitos têm caçoado da educação formal e de sua real necessidade, e a curto e médio prazo não vejo soluções para esse panorama, pois a desindustrialização emergente e a decadência gradativa da qualidade da educação formal universitária - e também nas outras esferas educacionais pelo descaso das elites e governos - nos conduz por um caminho deplorável rumo a um sistema neoescravocrata em que centenas de milhões de semianalfabetos sem a mínima cognição e capacidade analítica de compreenderem a sua realidade lutarão entre si pelas migalhas despejadas das torres da nossa elite necropolítica de "Immortan Joes".